Entre o vazio e o furacão: os extremos do borderline

Entre o vazio e o furacão: os extremos do borderline

  • Neuropsicólogo Danilo Damata
  • 11/Ago/25 09:08
  • 4 minutos

Imagine viver com emoções à flor da pele, como se cada sentimento viesse com intensidade máxima — amor, raiva, medo, tristeza. Para quem convive com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), essa é uma realidade diária. E não, não se trata de "drama" ou "frescura", mas de uma condição psicológica séria que merece compreensão e acolhimento.

💡 O que é o TPB?

O TPB é caracterizado por padrões persistentes de instabilidade emocional, relacionamentos intensos e impulsividade. Segundo Otto Kernberg, um dos principais teóricos da psicodinâmica do TPB, “a identidade difusa e a dificuldade em integrar aspectos positivos e negativos das figuras parentais são centrais na estrutura borderline” (Kernberg, 1975).

📋 Critérios diagnósticos segundo o DSM-5-TR

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição, revisão de texto (DSM-5-TR), o Transtorno de Personalidade Borderline se caracteriza por um padrão dominante de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, além de acentuada impulsividade. Os indivíduos com TPB frequentemente demonstram esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado, vivenciam relacionamentos intensos e instáveis marcados por flutuações entre idealização e desvalorização, e apresentam perturbações significativas na identidade — com autoimagem instável e sentimentos crônicos de vazio.

A impulsividade é comum, manifestando-se em comportamentos autodestrutivos como gastos excessivos, sexo de risco, abuso de substâncias ou automutilação. Também são frequentes episódios de raiva intensa e inadequada, além de ideação paranoide transitória ou sintomas dissociativos em resposta ao estresse. Para o diagnóstico, é necessário que pelo menos cinco desses padrões estejam presentes de forma persistente.

🔄 Ciclos de dor e intensidade

Marsha Linehan, criadora da Terapia Dialética-Comportamental (DBT), afirma que “o TPB é uma desordem da regulação emocional, e não uma falha de caráter” (Linehan, 1993). Essa perspectiva é essencial para combater o estigma e promover o cuidado adequado.

🧠 Causas e fatores de risco

Estudos mostram que experiências adversas na infância estão fortemente associadas ao desenvolvimento do transtorno (Zanarini et al., 2000). Além disso, há evidências de predisposição genética e alterações neurobiológicas envolvidas.

🛠 Tratamento e esperança

A DBT é uma das abordagens mais eficazes, ajudando o paciente a regular emoções, melhorar relacionamentos e desenvolver habilidades de enfrentamento. Linehan destaca que “a validação é uma ferramenta terapêutica poderosa para pacientes borderline, pois reconhece sua dor sem reforçar comportamentos disfuncionais” (Linehan, 1993).

🧠 A importância da saúde mental

A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e isso tem ficado cada vez mais claro com o passar do tempo. A mente humana e sua complexidade é objeto de estudo em diversas áreas científicas, com ênfase na Psicologia, Neurociência, Psiquiatria, os transtornos exigem principalmente cuidado e compreensão, pois também causa estigma e preconceito na maioria das vezes (Marinho; Silva, 2023).

🤝 Empatia é essencial

Conviver com alguém que tem TPB exige paciência, mas também oferece a oportunidade de praticar empatia em sua forma mais profunda. O acolhimento, o respeito aos limites e o incentivo ao tratamento são atitudes que fazem diferença.

Referências

MARINHO, Danilo Damata; SILVA, Diego da. A atuação do psicólogo(a) cognitivo-comportamental no manejo clínico do Transtorno da Personalidade Borderline. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 6, p. 1656–1676, 2023. DOI: 10.51891/rease.v9i6.10097. Acesso em: 11 ago. 2025.

KERNBERG, O. F. Condições Borderline e Narcisismo Patológico. Jason Aronson, 1975.

LINEHAN, M. M. Tratamento Cognitivo-Comportamental do Transtorno de Personalidade Borderline. Guilford Press, 1993.

ZANARINI, M. C. et al. Experiências na infância de pacientes com transtorno borderline. Psychiatria Compreensiva, v. 41, n. 6, p. 399–405, 2000.

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR. 2022.

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