
Entre o vazio e o furacão: os extremos do borderline
Imagine viver com emoções à flor da pele, como se cada sentimento viesse com intensidade máxima — amor, raiva, medo, tristeza. Para quem convive com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), essa é uma realidade diária. E não, não se trata de "drama" ou "frescura", mas de uma condição psicológica séria que merece compreensão e acolhimento.
💡 O que é o TPB?
O TPB é caracterizado por padrões persistentes de instabilidade emocional, relacionamentos intensos e impulsividade. Segundo Otto Kernberg, um dos principais teóricos da psicodinâmica do TPB, “a identidade difusa e a dificuldade em integrar aspectos positivos e negativos das figuras parentais são centrais na estrutura borderline” (Kernberg, 1975).
📋 Critérios diagnósticos segundo o DSM-5-TR
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição, revisão de texto (DSM-5-TR), o Transtorno de Personalidade Borderline se caracteriza por um padrão dominante de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, além de acentuada impulsividade. Os indivíduos com TPB frequentemente demonstram esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado, vivenciam relacionamentos intensos e instáveis marcados por flutuações entre idealização e desvalorização, e apresentam perturbações significativas na identidade — com autoimagem instável e sentimentos crônicos de vazio.
A impulsividade é comum, manifestando-se em comportamentos autodestrutivos como gastos excessivos, sexo de risco, abuso de substâncias ou automutilação. Também são frequentes episódios de raiva intensa e inadequada, além de ideação paranoide transitória ou sintomas dissociativos em resposta ao estresse. Para o diagnóstico, é necessário que pelo menos cinco desses padrões estejam presentes de forma persistente.
🔄 Ciclos de dor e intensidade
Marsha Linehan, criadora da Terapia Dialética-Comportamental (DBT), afirma que “o TPB é uma desordem da regulação emocional, e não uma falha de caráter” (Linehan, 1993). Essa perspectiva é essencial para combater o estigma e promover o cuidado adequado.
🧠 Causas e fatores de risco
Estudos mostram que experiências adversas na infância estão fortemente associadas ao desenvolvimento do transtorno (Zanarini et al., 2000). Além disso, há evidências de predisposição genética e alterações neurobiológicas envolvidas.
🛠 Tratamento e esperança
A DBT é uma das abordagens mais eficazes, ajudando o paciente a regular emoções, melhorar relacionamentos e desenvolver habilidades de enfrentamento. Linehan destaca que “a validação é uma ferramenta terapêutica poderosa para pacientes borderline, pois reconhece sua dor sem reforçar comportamentos disfuncionais” (Linehan, 1993).
🧠 A importância da saúde mental
A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e isso tem ficado cada vez mais claro com o passar do tempo. A mente humana e sua complexidade é objeto de estudo em diversas áreas científicas, com ênfase na Psicologia, Neurociência, Psiquiatria, os transtornos exigem principalmente cuidado e compreensão, pois também causa estigma e preconceito na maioria das vezes (Marinho; Silva, 2023).
🤝 Empatia é essencial
Conviver com alguém que tem TPB exige paciência, mas também oferece a oportunidade de praticar empatia em sua forma mais profunda. O acolhimento, o respeito aos limites e o incentivo ao tratamento são atitudes que fazem diferença.
Referências
• MARINHO, Danilo Damata; SILVA, Diego da. A atuação do psicólogo(a) cognitivo-comportamental no manejo clínico do Transtorno da Personalidade Borderline. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 6, p. 1656–1676, 2023. DOI: 10.51891/rease.v9i6.10097. Acesso em: 11 ago. 2025.
• KERNBERG, O. F. Condições Borderline e Narcisismo Patológico. Jason Aronson, 1975.
• LINEHAN, M. M. Tratamento Cognitivo-Comportamental do Transtorno de Personalidade Borderline. Guilford Press, 1993.
• ZANARINI, M. C. et al. Experiências na infância de pacientes com transtorno borderline. Psychiatria Compreensiva, v. 41, n. 6, p. 399–405, 2000.
• ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR. 2022.